Amigos, hoje estou aqui para contar para vocês de uma série documental muito boa: As correntes de San Patrignano. Nesta primeira série de documentários produzida pela Netflix Itália e escrita por Gianluca Neri, é contada a história de Vincenzo Muccioli, que criou uma comunidade para dependentes de drogas – principalmente heroína – no final dos anos 1970 em uma cidadezinha italiana perto de Rimini.
Nos 5 episódios – em uma só temporada – San Patrignano traz 15 anos dessa experiência ousada e fala das provações, do declínio e da morte de Muccioli. Cheio de boas intenções, este humilde filho de agricultores simplesmente transformou a casa de fazenda da família em um local para a recuperação para dependentes químicos. O método utilizado na comunidade se baseava em três princípios: o trabalho, a regularidade e a disciplina. Mais de 2.000 pessoas foram curadas, como conta o documentário
O resultado? Tornou-se adorado pela população, até que alguns escândalos começassem a surgir. Uma denúncia de violência contra os internados (que ficariam presos com correntes – por isso o título As correntes de San Patrignano – e agredidos) levou à sua prisão. Na sequência, mortes e suicídios suspeitos levaram ao seu declínio, com direito a críticas profundas e difíceis. Triste.
Essa série me lembrou, aliás, uma viagem que fiz para Cetona, na Toscana, onde conheci a comunidade Mondo X. Lá, a história é a seguinte: nos anos 1960, um padre franciscano chamado Elígio começou a abrigar dependentes químicos para ajudar na sua recuperação, dando conforto, compreensão e principalmente atividades culturais e artísticas. Ali, homens e mulheres trabalham todos os dias em esculturas e pinturas, e também fazem azeites, vinhos e geleias. Assim como dizia Vincenzo Muccioli, o que cura por lá é o amor.
