O escritor Nelson Rodrigues disse que os brasileiros têm complexo de vira-lata, ou seja, tendem a se achar inferiores ao resto do mundo. Eu já falei disso aqui, lembram? Essa semana decidi retomar o assunto para escrever sobre o lamentável incêndio na Catedral de Notre Dame em Paris. O que um assunto tem a ver com o outro? Vocês já vão entender.
É claro que Notre Dame é importantíssima: monumento mais visitado da Europa toda, a igreja tem mais de 850 anos de história, com obras de arte, vitrais e uma arquitetura incomparáveis. Justamente por isso, as doações não tardaram a aparecer. O presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu reconstruir o templo em até cinco anos e milionários franceses contribuíram com uma quantia que já ultrapassou 590 milhões de euros.
Isso faz a gente se colocar no lugar deles e pensar: e se fosse aqui? Mas acontece que recentemente algo parecido aconteceu por aqui: no ano passado, um incêndio assolou o Museu Nacional do Rio de Janeiro. A instituição abrigava mais de 20 milhões de itens, de relevância mundial. No entanto, sete meses depois da tragédia, foram arrecadados menos que R$15 mil dos empresários brasileiros. As doações feitas por pessoas físicas foram maiores, acreditam? Elas somaram R$142 mil. Ainda assim, muito pouco. E ainda teve brasileiro doando uma fortuna para Notre Dame… inacreditável!
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