Amigos, Veneza é muito mais que o carnaval (que é belíssimo, como contei aqui). Além dos canais, da arte e da arquitetura, a cidade fica próxima da encantadora ilha de Murano, conhecida mundialmente por seus vidros.
A técnica de esculpir o material usual em Murano tem início em tempos distantes: remonta ao período em que Veneza lutava contra os Mouros e Turcos.. Esta concepção artesanal era restrita a algumas famílias tradicionais e transmitida de geração em geração, com todos os seus segredos.
Eles eram tão bem guardados que as famílias eram ameaçadas de morte caso dividissem a técnica com pessoas de fora da ilha. Com o tempo, a técnica foi aperfeiçoada pelas fundições e grandes mestres foram surgindo.
As famílias de artesãos buscavam formatos e cores cada vez mais originais, para obterem vidros de Murano cada vez mais belos. A família Barovier foi considerada a mais criativa, com seus vidros límpidos e esmaltados em tons azuis e em madrepérola. Outra beleza fica por conta dos vidros avermelhados – corneliano e murrini -, que conferem ao material um aspecto semelhante ao do mosaico.
O processo de produção parte do material concreto, como a areia de quartzo e o chumbo, que são colocados em um forno a uma temperatura de quase 1.500 graus, convertendo-se em brasa.
O próximo passo consiste em extrair desta massa um instrumento de sopro intitulado “cana”. Ele esfria no próprio forno, que diminui o calor aos poucos, até que o material resultante possa ser manipulado pelo artesão, por volta de 1.250 graus. Este processo se desenrola por cerca de 30 minutos. O produto final é então burilado – uma tarefa que leva de três a quatro horas para ser realizada.
Tanta história e tradição resultou em uma denominação protegida por lei desde 1994: só podem ser vendidos como Murano os vidros produzidos lá. A certificação é distribuída aos artesãos pelo Consórcio Promovetro, que representa 80% dos fabricantes. E isso traz ainda mais exclusividade aos vidros mais famosos do mundo.