Amigos, hoje eu converso com a designer e joalheira Silvia Furmanovich, que tem um trabalho belíssimo de influências étnicas e com materiais inusitados. Ela me contou sobre o novo ateliê, para onde mudou no meio da pandemia, e sobre todas as mudanças que vieram nesse período.

“Eu parei de viajar e foi um aprendizado muito bom. Passei a ter mais tempo para mim e para meu trabalho. Tudo tem suas vantagens. É uma nova fase mais verdadeira. A gente estava sem tempo pra nada”, disse.

A pausa foi ótima, porque ela pôde se dedicar a um livro, em que conta a história de sua família – que tem origem italiana e uma forte relação com o trabalho artesanal do ouro. Com lançamento previsto ainda para esse ano pela editora Assouline, a publicação fala também de seu pai, ourives que ela cresceu vendo trabalhar e que, quase inconscientemente, despertou sua paixão pelas joias.

Mas o ouro não é a matéria-prima favorita de Silvia Furmanovich. Ela sempre se interessou por materiais inusitados para joias: do cobre à madeira, passando por sua mais nova paixão, o bambu. “A minha última coleção se chama Amazônia Bamboo, que é o resultado de dois anos de trabalho e duas viagens ao Japão. Eu visitei quatro fazendas de bambu, onde plantam, colhem e beneficiam o bambu. O grande desafio foi a escala pequena das minhas peças, pois os artistas locais estavam acostumados a fazer cestaria. Também fui pesquisar sobre os pigmentos e técnicas e fiz parceria com artistas japonesas”, explicou.

O bambu veio se somar à madeira, afinal, nos últimos cinco anos Silvia Furmanovich tem trabalhado com um artista da Amazônia em uma técnica de marchetaria impressionante. “Eu acho que o valor da joia não é a soma dos materiais, mas a técnica e a mão-de-obra envolvidas. O que me inspira é ver as pessoas criando artesanato. Meu objetivo é cada vez mais trabalhar com artesãos brasileiros. Isso é muito gratificante”, conclui ela, que está lançando uma linha de decoração no começo do ano que vem.