Por Leo Laniado *
Ofereço ao site Silvana Tinelli, hoje, um olhar sobre a “elaboração e a construção” de um Jardim, ou seja, sobre paisagismo.
O espaço que será futuramente um jardim não é qualquer espaço. Ele já é. Esteve lá desde sempre. Está inserido numa paisagem já existente e fará, talvez, parte de um projeto de arquitetura.
Não se trata de colocar “coisas” sobre a terra. Já tem “coisas” que dali nascem e àquele lugar pertencem, e o papel do paisagista é descobrir, ordenar e revelar. Como diz essa poesia de Vinicius de Moraes:
O rio
“Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.
Um rio nasceu.
O mundo é tão esquisito: tem mosquito”
Mesmo uma pedra nasce da terra. Ela não cai do espaço. Todo jardim tem que ter a espontaneidade de ter nascido ali. Em busca de ar, em busca de luz.
“O mundo é tão esquisito: Tem mosquito”.
No jardim nasce o poeta que escreve sobre o jardim. E a poesia sempre tem um ar de jardim. No perfume, na rosa, na água, no céu, na mulher, no homem.
É preciso um olhar atento para respeitar o que ali está. Sob pena de parecer um campo onde árvores, vegetação, pedras e flores são meros objetos de decoração.
Por isso, cada espaço contém uma verdade. Desde sempre!
Fotos: Flickr/Jennifer C. e acervo pessoal
Por:Leo Laniado
*Leo Laniado é arquiteto e paisagista, CEO e diretor de projetos d’A Estufa. Clique aqui para saber mais.