Feminismo, a Inglaterra e suas Teddy Girls, além do universo gótico foram as inspirações da estilista Maria Grazia Chiuri para o desfile inverno 2019 da Dior.
O jornalista Pedro Diniz, ao falar sobre a coleção na Folha de São Paulo, trouxe uma interpretação que eu adorei: “Hoje as bruxas são relembradas como mulheres independentes, solteiras e que, por terem desafiado o patriarcado na Idade Média, queimaram na fogueira. Dada a atenção que tem sido dada à quantidade de mulheres assassinadas ainda hoje por serem mulheres, é importante que haja grifes como a Dior”.
É interessante notar a moda dessa forma, como uma leitura da atualidade, mas com um pé no passado. Foi bem o que aconteceu no inverno 2019 da Dior. Afinal, um dos méritos de Maria Grazia é reinterpretar os códigos da marca fundada nos anos 30 por Christian Dior. E na passarela isso aparecia na óbvia silhueta acinturada, mas também na paixão de Dior pela Inglaterra.
No inverno 2019 da Dior, o feminismo apareceu principalmente na figura da artista conceitual italiana que tem como pseudônimo Tomaso Binga. Ela leu um poema em italiano sobre a promessa de vitória do feminismo sobre o patriarcado. Já a verve inglesa veio da curadora Oriole Cullen, responsável pela mostra Christian Dior: Designer of Dreams, em cartaz no Victoria and Albert Museum, em Londres. A arquitetura e as tradições inglesas estão presentes nas Teddy Girls. Esse grupo de garotas que vivia na Inglaterra nos anos 50 combinava casacos drapeados da era eduardiana com jeans de barras dobradas e sapatos sem salto. Justamente o mix entre tradição e modernidade que agradava monsieur Dior.